A intervenção do presidente da Câmara Municipal de Mosteiros, Carlos Fernandinho Teixeira, foi feita no encerramento de uma roda de conversa sobre a Independência Nacional e o percurso do país desde 1975, promovida pela Vereação, este domingo, 5 de julho, no salão nobre dos Paços do Concelho. 

Ei-la na íntegra: 

"Comemoramos hoje o Dia da Independência Nacional, comemoramos os anos de luta pela Independência Nacional e os anos todos, 45 anos todos, em que temos vindo a construir “uma outra terra na nossa terra”.

Celebramos Cabo Verde no nosso Município dos Mosteiros, nesta nossa amada ilha do Fogo, cujo pulsar da nossa identidade coletiva é evidente e cujos resultados da Independência saltam à vista de todos.

Celebramos Cabo Verde neste lugar de fala especial do Poder Local, que tem sido a nossa luta de realização do bem-comum e de afirmação da cidadania municipal, agradecendo a transcendência do 5 de Julho a oportunidade que temos tido de servir Mosteiros e os munícipes dos Mosteiros.

Permitam-nos que destaquemos neste dia o nome de Amílcar Cabral e o dos Combatentes pela Liberdade da Pátria, os que lutaram pela abertura política  e a Democracia e os imprescindíveis que lutam todos os dias para tornar Cabo Verde, esta Nação insular e diaspórica, digo da Independência Nacional. 

Permitam-nos saudar todos os Mosteirenses, destacado os mais jovens,que vão contribuindo, de forma significativa, para que os valores da Independência sejam uma verdade quotidiana no chão cabo-verdiano dos Mosteiros. Permitam-nos que vos dediquemos este Dia, jovens dos Mosteiros, dedicando este Dia ao malogrado e saudoso jovem Geovani Martins.

Um dos traços mais notáveis da Independência é o facto de ela ter correspondido, desde 5 de Julho de 1975 e, em verdade muito antes disso, a um grande desígnio do Povo Cabo-verdiano.

Passados 45 anos sobre este Grande Dia e vivendo nós hoje estes novos tempos, poderá haver quem queira relativizar os valores da Soberania Nacional, achando que estes já não fazerem sentido de outrora, mas mantém-se claro para a maioria dos Cabo-verdianos e das Cabo-verdianas de que a Libertação e a Soberania são o grande lastro para que tenhamos hoje um regime de liberdades e que estejamos a viver num Estado Democrático de Direito. A Libertação e a Soberania são, sem dúvida alguma, a grande sustentação do edifício da Nação Cabo-verdiana, rumo ao Desenvolvimento, com bem-estar social e qualidade de vida para todos.

Se Cabo Verde é hoje uma nação que nos orgulha e um Estado viável e com reputação internacional, não foi por simples acaso. Foi porque as gerações para a Independência e aquelas pós Independência não desistiram, nem baixaram os braços e, perante os sucessivos desafios de um país à partida improvável, encontrou sempre a força essência necessária para reafirmar, a cada tempo, a vontade de ser livre e próspero.

Se Cabo Verde, agora que celebra a efeméride da Independência Nacional, no meio do espectro de uma enorme crise económica e social, decorrente desta pandemia da Covid-19, a fustigar várias ilhas, tem a capacidade de resistir as novas vicissitudes e tem a esperança de vencer os novos desafios, tem-nas devido à endurance criada para a luta pela Independência e a resiliência caldeada neste 45 heroicos anos de construção nacional.

Cabo Verde vive tempos muito difíceis. O desemprego e a dívida pública tendem a aumentar. A produtividade da economia e os rendimentos das famílias tendem a diminuir, fazendo alargar os níveis da pobreza e da desigualdade. Este quadro será particularmente sensível nos pequenos municípios como os Mosteiros. A crise que estamos a enfrentar só será ultrapassada se nos mantivermos firmes e tenazes a dar continuidade à promoção do desenvolvimento local.

Com o esforço e sacrifício de todos, ultrapassaremos a situação de quase recessão a que o País chegou neste ano de 2020 e, nos próximos tempos, estaremos juntos no esforço coletivo de recuperação gradual da nossa economia e da estabilização social. Antes desta crise, mas enfrentando anos de seca e outros condicionalismos, temos vindo nos Mosteiros a fazer a nossa parte e continuaremos a fazê-lo, como nosso contributo dinâmico da Independência.

Caberá também à nossa Autarquia um papel ativo e indispensável no combate à crise e na restauração da dinâmica económica e social do país, contribuindo, como sempre temos feito, para a redução das assimetrias sociais e para o aproveitamento do potencial endógeno do nosso Município. É a missão que sempre coube à Câmara Municipal dos Mosteiros, missão que aliás é apanágio do Poder Local no seu todo. Honrar o dia 5 de Julho é seguirmos em frente, cumprindo a transformação de Cabo Verde. Chegam-nos diariamente sinais positivos de cada canto dos Mosteiros e dos Mosteirenses, amigos e parceiros nas outras ilhas e no estrangeiro, do reforço a nossa certeza pelo Desenvolvimento

Por conseguinte, honrar o dia 5 de Julho não é, de modo algum, uma atitude meramente protocolar e oficial. Mais do que isso, é a reafirmação daquilo que genuinamente somos e daquilo que, sendo glorioso no passado, nos abre venturosos caminhos para o futuro. É a reafirmação de que, malgrado as circunstâncias, somos um povo marcado pela luta e que, pedra a pedra, dor a dor, amor a amor, como diria o Poeta Ovídio Martins, somos um povo preparado para a glória do futuro.

Recordando que estamos no ano das eleições autárquicas, apelamos, neste Dia de Cabo Verde, neste dia de todos nós, a que mantenham um elevado espírito de Independência Nacional e de participação cívica na vida política nacional.

Fechando nos próximos dias um ciclo longo dos nossos mandatos à frente da Câmara Municipal dos Mosteiros, cientes do trabalho realizado e da missão cumprida (e, aqui, aproveitamos para agradecer todos quantos em diferentes tempos foram nossos parceiros na gesta por um Mosteiros melhor), confessamos que uma das gratas convicções que levamos é de ser a ilha do Fogo, o Município dos Mosteiros em particular, um grande reduto dos valores da Independência Nacional.

Deste pequeno rincão de Cabo Verde, todos os dias tentámos, no melhor das nossas capacidades e apesar das dificuldades, “criar uma outra terra na nossa terra”, como vaticinava Amílcar Cabral, o grande arquiteto da Independência e a referência maior da Nacionalidade Cabo-verdiana.

Caros camaradas e amigos,

Mosteiros é fruto dessa independência;

Com esforços e dedicação dessa autarquia, que temos o prazer de dirigir e dar seguimento as obras iniciadas pelos nossos antecessores, nomeadamente Hugo Rodrigues e Julio Correia, erguemos este município com sabor deste valente e corajoso povo Mosteirenses que durante 4 mandatos consecutivos confiaram em nos para dirigir e gerir este município. Nestes 4 mandatos construímos casas, qualificando o nível habitacional das pessoas; construímos estradas e ruas, permitindo acessibilidades da nossa gente; levamos agua e energia a 100% a todas as localidades do concelho, desencravamos praticamente todas as localidades dispersas; participamos na formação dos nossos jovens e hoje temos jovens mais bem formados no concelho; planificamos um o nosso concelho, tendo o PDM e dois planos estratégicos de desenvolvimento do concelho; construimos infraestruturas desportivas em quase todas as localidades; construimos escolas e jardins por todo o município; requalificamos a nossa cidade e a orla marítima; em fim hoje temos um Mosteiros dos nossos sonhos: mais inclusivo, mais desenvolvido e com um índices de desenvolvimento a cima da media nacional, em varios itens de desenvolvimento, graças ao dia          5 de julho de 1975, graças a independência nacional e graças a aqueles que lutaram 45 anos atrás para tornar Cabo Verde, uma nação livre e independente; uma nação que nos orgulha de um estado viável , um Cabo Verde de reputação internacional.

Mosteiros é hoje o fruto da nossa independência.

Viva a independência de Cabo Verde!

Viva Mosteiros!

Um bem-haja a todos."

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